Este poema mostra a face da coragem com que o poeta, jornalista, cronista e ensaísta alagoano Ledo Ivo, patrono da cadeira 10 da ABL, vê o mundo, neste poema ele diz que não se calará, será sempre um cidadão vivo e sobretudo não aceitará injustiças. Este poema foi escrito nas fases da ditadura e mostra a revolta e um grito do povo em relação aos acontecimentos da época.
Precauções Inúteis
(Ledo Ivo)
Quem tapa a minha boca
não perde por esperar:
o silêncio de agora
amanhã é voz rouca
de tanto gritar.
Quem tapa meus olhos
nada esconde de mim.
Sei seu nome e seu rosto,
o lugar em que estou,
sua noite sem fim.
Quem tapa meus ouvidos
me faz escutar mais.
Igualei-me às muralhas
e o silêncio mais fundo
guarda o rmos do mundo.
Quem me quer sem memória
erra redondamente.
Lembro-me de tudo
e, cego, surdo e mudo,
até o esquecimento.
E quem me quer defunto
confunde verão e inverno.
Morto, sou insepulto.
Homem, sou sempre vivo.
Povo, sou eterno.
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